sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Ela me comeu


Sua figura de bestialidade mítica feminina. Os pelos que brotavam da carne vulvária se abriam como as plantas buscando o sol, como um prado curvado às hélices metálicas de um helicóptero. Suas bocas, todas, arfavam em respiração ofegante.

Uma vez deixei a chave do lado de dentro. Estilhacei uma báscula e entrei pela janela. Nas chuvas da minha promessa adiada de recolocar o vidro, muitas vezes, como um hálito sujo, o vento puxava as cortinas pra fora, sugava as cortinas pra fora.

Assim também o fez ela.

Seus peitos grandes e listrados como uma zebra se assentavam quando ela deitava. Duas bolhas flácidas, adiposas. Os mamilos se contradiziam ao dar as direções.

Seu corpo tombado era de mérito turístico. No interior das coxas, duas manchas pretas de queimaduras. Seu sabor se assemelhava muito ao de muitas outras.

Mas diferente de tantas plantas que florescem a beira-estrada, ela me tomou. Ela me subjugou. Ela me comeu. Seus músculos vaginais moeram as aldravas duma passividade atribuída, moeram a minha pica, reduziram a pó e cinza minha fé de raízes rasas.

5 comentários:

  1. Tô chocado com esse texto... É muito pesado... hahahaha
    Mas como dizem, a verdadeira beleza está nas imperfeições. Vc deu a intensidade certa, talvez...

    Beijos, amigo... até

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  2. Diferente. Gosto do estilo, mas a história é muito previsível por causa do título! (e eu bem já li a mesma história contada pelo Neil Gaiman em Deuses Americanos). Ainda assim, seu texto é ótimo e eu adorei "Os mamilos se contradiziam ao dar as direções."!

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  3. vc é phodástico com as palavras meu amigo ...

    estive aí mas desta vez não rolou de encontrarmos ... fica para a próxima ...

    bjão querido ... voltei

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  4. Oopa, forte! E muito interessante o texto...
    Um grande abraço!

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